Varizes e Pernas Cansadas (FAQ)
É a dilatação e tortuosidade das veias, geralmente dos membros inferiores, que ocorre devido a uma deficiência das válvulas e das paredes internas das veias, que fazem com que o sangue não circule de volta para o coração, permitindo a sua acumulação no interior das mesmas ou às vezes o seu refluxo.
A forma mais correcta de classificarmos as varizes é a classificação CEAP: Baseia-se esta classificação em dados da natureza clínica (C), etiológica (E), anatómica (A) e patológica (P).
De acordo com esta classificação, existem seis classes diferentes de varizes, e que variam de acordo com o grau de evolução da doença.
O diagnóstico da doença e a avaliação do grau de severidade das varizes é obtido durante a consulta médica mediante observação pelo médico – Cirurgião Vascular – e através de um exame clínico adequado, onde se consideram vários factores, como as queixas dos doentes, o aspecto das pernas, a presença ou não de veias dilatadas, etc.
Contudo, o diagnóstico do refluxo do sangue nas veias, avaliação da gravidade e sentido do fluxo do sangue venoso só é bem avaliado através de um exame denominando Eco-Doppler colorido que dá ao médico informações muitos importantes para o diagnóstico preciso da doença venosa, além de ajudar decisivamente no planeamento cirúrgico adequado.
Qualquer descrição de sintomas em medicina, está sempre sujeita a probabilidade de dois doentes com a mesma doença virem a experimentar sinais e/ou sintomas relativamente diferentes.
Quer dizer, da lista de sintomas que descreveremos, nem sempre o doente tem que ter TODOS os sintomas, pois algumas pessoas por exemplo podem estar num grau evolutivo da doença em que só uma cirurgia resolve o problema e ainda assim continuar relativamente assintomático (sem queixas).
Na grande maioria das vezes, a principal razão que leva as pessoas ao nosso consultório, é a preocupação com a estética, quando em pé as veias ficam dilatadas, tortuosas e muito visíveis.
Além disso, podem estar presentes outros sinais e sintomas, tais como:
São vários os factores que contribuem para o aparecimento de varizes, ou que quando já existem podem agravá-las.
Vários estudos demonstraram que a incidência desta doença é maior em países considerados “mais desenvolvidos” ou países de Primeiro Mundo.
Entre as principais causas e factores desencadeamentos ou agravantes destacámos os seguintes:
O tratamento das varizes, tal como em qualquer outra doença, obedece a critérios muito rígidos, e que resultam da experiência clínica que se acumulou na especialidade.
Importa relembrar que as varizes são um problema crónico, ou seja, o tratamento visa controlar a evolução da doença, diminuindo assim o risco de ocorrência de complicações, e melhorando significativamente a qualidade de vida dos doentes desde as primeiras fases da doença.
Pensamos ainda assim, se a motivação for apenas estética, é legitima, uma vez que a saúde também é a melhoria da autoestima e o bem-estar psicológico dos doentes.
É em nossa opinião muito importante contrariar a ideia de que as varizes, nas suas fases iniciais, são apenas um problema estético. Isto é absolutamente errado. É nas suas fases iniciais, por vezes muito sintomáticas, que devem, desde logo, tratar.
Os tratamentos serão periódicos, ou seja, pelo menos uma vez por ano, cada doente, depois de tratada a fase inicial, deverá voltar ao consultório para vigilância e tratamentos de “manutenção”.
Em género de brincadeira, temos dito às nossas doentes que tratar varizes é como pintar cabelos brancos: algumas pessoas têm mais que outras, e o número de vezes que pintam dependem do n.º de cabelos brancos da facilidade e rapidez com que novos brancos aparecem. Assim também no tratamento de varizes, o número de sessões varia de acordo com o estado, o número de varizes e a facilidade com que voltam a aparecer novas varizes ou derrames.
Existem hoje vários métodos e recursos para o tratamento das varizes. Participam na escolha do método vários factores como: história clínica do doente, antecedentes pessoais, familiares e experiências com outros medicamentos, tipo de varizes (identificados em CEAP), intensidade das queixas, resultados dos exames complementares de diagnóstico e sintomas que o doente descreve. Dever-se-á também ter em consideração outros factores como a idade, a profissão, e nunca deixar de equacionar a expectativas que a doente traz para a consulta.
O tratamento de varizes, deve começar logo ao primeiro sinal de doença.
Esta preocupação aumenta, sempre que se verifiquem algumas situações, que a seguir designamos:
Se causam perturbação de carácter estético;
Se o doente tem queixas, sintomas relevantes identificados pelo médico como sendo de origem venosa, tais como dor nas pernas, especialmente abaixo dos joelhos, cansaço, sensação de peso, ardor, perna "irrequieta", cãibras nocturnas, inchaço etc.;
Se existem sinais evidentes e positivos de que as veias não estão a cumprir adequadamente a sua função tais como infecção ou processos inflamatórios, alterações da coloração da pele, úlceras próximas dos tornozelos, dor localizada no trajecto venoso, comichão ou algumas das complicações já descritas;
Se existem sinais laboratoriais (Eco-Doppler ou doppler portátil) que indiquem refluxo nos troncos das safenas ou nas veias perfurantes. Um dos dois exames obrigatoriamente deve ser realizado.
É uma infecção da pele causada geralmente pela bactéria Streptococcus pyogenes grupo A, mas também pode ser causada por outros estreptococos ou até por estafilococos.
Habitualmente, a infecção aparece na cara, no braço ou na perna, e por vezes começa numa zona da pele com escoriações ou micoses . Aparece uma erupção brilhante, vermelha, dolorosa, ligeiramente inflamada e, com frequência, formam-se pequenas vesículas. Os gânglios linfáticos à volta da zona infectada podem aumentar de volume e ficar dolorosos; as pessoas afectadas por infecções particularmente graves apresentam febre e calafrios.
A trombose das veias profundas é a coagulação do sangue nas veias profundas.
Um coágulo que se forma num vaso sanguíneo denomina-se trombo. Embora os trombos se formem nas veias superficiais e nas profundas da perna, só estes últimos são potencialmente perigosos. A trombose das veias profundas é perigosa porque uma parte ou todo o trombo pode desprender-se, deslocar-se pela corrente sanguínea, fixar-se numa artéria pulmonar e, por consequência, obstruir o débito sanguíneo. Um trombo em movimento recebe o nome de êmbolo. Quanto menor for a inflamação à volta do trombo, menos ele aderirá à parede venosa e maior é a probabilidade de se transformar num êmbolo. A pressão que os músculos da barriga da perna exercem pode provocar o desprendimento do trombo, sobretudo quando uma pessoa convalescente começa a realizar cada vez mais actividade.
Devido ao facto de o sangue das veias das pernas ir ao coração e depois aos pulmões, os êmbolos originados nas veias das pernas obstruirão uma ou mais artérias dos pulmões, uma afecção denominada embolia pulmonar. A gravidade da embolia pulmonar depende do tamanho e da quantidade de êmbolos. Um êmbolo pulmonar grande pode obstruir todo ou quase todo o sangue que vai do lado direito do coração até aos pulmões e, portanto, pode causar rapidamente a morte. No entanto, estes êmbolos em massa não são frequentes, mas não se pode prever quando uma trombose de uma veia profunda, não tratada, evoluirá para uma embolia maciça. Por essa razão, o médico vigia com um cuidado extremo toda a pessoa com uma trombose de uma veia profunda.
A trombose das veias profundas não deverá ser confundida com uma flebite das varizes, que é um processo que causa dor, mas, em comparação, é muito menos perigoso.
Três factores fundamentais contribuem para o desenvolvimento de uma trombose das veias profundas:
A trombose pode inclusive ocorrer em pessoas saudáveis que estão sentadas durante períodos longos, por exemplo, durante viagens de carro ou voos de avião muito longos.
A Flebite Superficial (tromboflebite, flebite) é a inflamação e a coagulação numa veia superficial.
A flebite ocorre em qualquer veia do corpo, mas afecta com mais frequência as veias varicosas das pernas. Geralmente, a flebite aparece em pessoas com varizes.
Um traumatismo ou até mesmo uma ferida ligeira pode provocar a inflamação de uma veia. Ao contrário da trombose de uma veia profunda, que causa pouca inflamação, a flebite superficial implica uma reacção inflamatória que faz com que o trombo adira firmemente às paredes da veia, sendo por isso praticamente nula a probabilidade de se desprender. Como as veias superficiais não têm músculos à sua volta que as apertem e que façam desprender o trombo, a flebite superficial raramente causa embolia.
É uma tumefação de algum orgão do corpo, decorrente da perturbação ou obstrução na circulação linfática. Consiste num acúmulo do fluido linfático no tecido intersticial, o que causa edema, mais frequente em braços e pernas, quando os vasos linfáticos estão prejudicados. Rico em proteínas acumuladas na região afetada, pode causar redução na disponibilidade de oxigénio e fornecer um meio de cultura bacteriana, resultando em linfangite. Geralmente é indolor com uma sensação crónica de peso na extremidade afetada.
Podem ser primários ou secundários:
Outra complicação, algo frequente das varizes é a varicorragia, isto é, a ruptura traumática ou espontânea de uma variz que conduz a uma hemorragia. É uma situação raramente fatal pois é geralmente bem controlada por manobras de compressão local e elevação dos membros inferiores. No entanto pessoas com pouco desembaraço físico que se encontrem sozinhas falecer por perdas sanguíneas.
Um êmbolo é, geralmente, um coágulo sanguíneo (trombo), mas podem também existir êmbolos gordos, de líquido amniótico, da medula óssea, um fragmento de tumor ou uma bolha de ar que se desloca através da corrente sanguínea até obstruir um vaso sanguíneo. A embolia pulmonar é a obstrução repentina de uma artéria pulmonar causada por um êmbolo.
O tipo mais frequente de êmbolo é um trombo que se formou habitualmente numa veia da perna ou da pélvis. Os coágulos tendem a formar-se quando o sangue circula lentamente ou não circula de todo. Isto pode ocorrer nas veias das pernas de alguém que permanece na mesma posição durante muito tempo, podendo desprender-se o coágulo quando a pessoa começa a mover-se novamente. É menos frequente que os coágulos comecem nas veias dos braços ou no lado direito do coração. No entanto, uma vez que o coágulo formado numa veia se liberta e passa para a corrente sanguínea, é habitual que se desloque para os pulmões.
A dificuldade que o sangue tem para voltar ao coração nos casos de doentes com varizes, acaba por gerar aquilo a que chamamos de estase sanguínea.A Estase Sanguínea provoca uma série de alterações nos membros inferiores, principalmente na parte mais distal.Ocorre a migração para a pele de constituintes do sangue, e acabam por se fixar em locais onde não deveriam estar.A presença de ferro, que é um derivado da hemoglobina do sangue, acaba por dar um aspecto escuro, pigmentando a pele da perna ou tornozelo, a que chamamos "Dermatite Ocre".
De acordo com os dicionários médicos, úlcera do latim ulcus, é uma solução de continuidade, aguda ou crónica, de uma superfície dérmica ou de uma mucosa, e que é acompanhada de processo inflamatório.
Úlcera crónica da perna é definida como qualquer ferimento abaixo do joelho, incluindo o pé, que não cicatriza num período inferior a seis meses.
Conhecida por Úlcera de Estase ou Úlcera Flebostática é a mais frequente das úlceras em membros inferiores, representando em torno de 70% de todas as úlceras.
Segundo o CEAP são enquadrados nas classes “C” 5 e 6 os pacientes com alterações tróficas, portadores de ulcera cicatrizada ou activa.
A complicação mais temida pela população é a formação destas feridas nas pernas . No início cicatrizam com certa facilidade mas, com o tempo e se tratadas de forma indevida, vão se tornando mais complexas. Como existem vários tipos de úlceras nas pernas, é importante o acompanhamento de um especialista.
É uma das complicações tardias, consideradas graves da insuficiência venosa crónica afectando 1,5% da população adulta de acordo com autores da especialidade.
Estima-se que 5,6% das pessoas de 65 anos ou mais tiveram uma ulceração de membro inferior aberta ou cicatrizada, sendo que 2,4% da população adulta acima de 15 anos também já tiveram úlcera. Dados europeus afirmam que 1,5% dos adultos sofrerão Úlcera de Estase em algum momento de suas vidas.